No
Brasil, o número de casais que procuram clínicas
especializadas em Reprodução Assistida
(R.A.) vem aumentando consideravelmente. Espera-se
que um aumento ainda mais significativo ocorra em
cidades que ofereçam, gratuitamente, em hospitais
públicos este tipo de tratamento, como é
o caso de São Paulo.
Reprodução Assistida é um conjunto
de técnicas, utilizadas por médicos
especializados, que tem como principal objetivo tentar
viabilizar a gestação em mulheres com
dificuldades de engravidar. Muitas vezes essas dificuldades,
até mesmo a infertilidade do casal ou um de
seus membros, podem trazer sérios prejuízos
ao relacionamento conjugal.
As diferentes variantes técnicas do conjunto
da RA podem ser reunidas em dois grupos:
1. As mais antigas e mais simples - nas quais a fecundação
se dá dentro do corpo da mulher - são
chamadas de Inseminação
Artificial. Caso os gametas utilizados na R.A.
sejam do próprio casal, chamamos de inseminação
HOMOLOGA; caso um ou ambos os gametas sejam obtidos
a partir de doadores anônimos, chamamos de inseminação
HETERÓLOGA.

ICSI
- Injeção Intracitoplasmática
de Espermatozóides |
2.
E as técnicas mais modernas de RA -
nas quais a fecundação se dá
fora do corpo da mulher - que passam pelo
procedimento de fertilização
in vitro (FIV). Existem diversas variantes
técnicas da FIV tais como o GIFT, o
TV-TEST, o ICSI e o IAIU. As diferenças
entre algumas dessas técnicas serão
aqui descritas:
|
- GIFT
– Técnica que consiste na transferência
do gameta masculino e feminino diretamente na tuba
uterina da mulher. Essa técnica encontra
o apoio da Igreja Católica, quando os gametas
utilizados são do próprio casal;
- TV-TEST
– Técnica que transfere por via vaginal
um embrião já formado, em estágio
pré-nuclear, na altura das tubas uterinas;
- ICSI
– É talvez a técnica mais conhecida
popularmente, trata da realização
de uma fertilização in vitro através
da inoculação de um espermatozóide
no interior de um ovócito, seguida da transferência
via vaginal do embrião (pré-embrião)
formado;
- O
IAIU – Ocorre pela colocação
via vaginal, de espermatozóides diretamente
na altura da tuba uterina.
Outras
técnicas complementares da RA são:
Doação de óvulos, sêmen,
embriões; congelamento de material biológico
reprodutivo e de embriões; diagnóstico
genético pré-implantatório, entre
outros.
Congelamento de Embriões
Quando a técnica empregada é a FIV, o
médico produz um grande número de embriões
a partir dos oócitos e espermatozóides
doados. Somente alguns destes embriões serão
implantados no útero materno, os demais serão
mantidos congelados (criopreservados), para utilização
posterior, caso seja necessário.
De
acordo com a Resolução 1358/92 do Conselho
Federal de Medicina (CFM), os embriões criopreservados
não podem ser destruídos ou descartados,
devendo permanecer congelados por tempo indeterminado.
O destino a ser dado a esses embriões caso ocorra
divórcio, doença grave ou morte de um
ou ambos os cônjuges, deve ser anunciado previamente
por escrito pelo casal.
Mas qual destino é possível aos
Embriões Congelados?
No Brasil, a única possibilidade é a doação
voluntária e anônima destes embriões
as mulheres estéreis que desejam gerar um filho.
A escolha do doador e da receptora do embrião
é realizada pelas clínicas de R.A., visando
obter a maior semelhança fenotípica possível
entre a futura mãe e bebê a ser gerado.
Em
outros países, entretanto, os embriões
congelados passados um prazo legal pré-estabelecido
podem ser utilizados para pesquisa médica. Na
Inglaterra as pesquisas médicas permitidas são
aquelas que: venham a promover avanços no tratamento
da infertilidade; promovam o desenvolvimento de novas
técnicas contraceptivas; aumentem o conhecimento
de doenças congênitas ou a detecção
de anormalidades gênicas ou cromossômicas
no embrião antes da implantação.
Também é permitido o uso destes embriões
para a obtenção de células-tronco.
A clonagem terapêutica de células embrionárias
é permitida em países como Alemanha e
EUA. Em ambos, o limite máximo permitido para
o desenvolvimento do embrião in vitro é
de 14 dias, sendo permitido em casos especiais o desenvolvimento
do embrião até o limite de 18 dias. Lembramos
que a clonagem dita terapêutica – aquela
que visa a produção de células-tronco
embrionárias para utilização em
pesquisa - não visa em hipótese alguma
a obtenção de seres humanos inteiros.
Marilena
C. D. V. Corrêa
mcorrea@ims.uerj.br
Cristiano
Costa
cristiano@fiocruz.br

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